Se, de fato, diversidade, inclusão, integridade – Valores Humanos – estão na agenda do seu RH sabemos o quão difícil é encontrar líderes que tenham conhecimento e características que contribuam para construção de uma cultura inclusiva.
Uma vez, em um processo seletivo de um alto executivo em meio às questões de gestão de pessoas, perguntei: “Quais eram as práticas que ele adotaria como diretor para construção de uma equipe inclusiva”? Obtive várias respostas desastrosas (para não dizer outra coisa), como por exemplo: “Ah eu trato todo mundo igual, não faço distinção entre as pessoas”.
Sabemos que esse discurso de “tratamos todos iguais” – é justamente o que impede de avançarmos na construção de uma cultura inclusiva. Pois estamos longe de sermos todos iguais – aliás, nem queremos isso! É preciso olhar para cada pessoa e suas necessidades específicas para que ela possa sentir pertencimento naquele ambiente, se desenvolver e contribuir para o negócio a partir de suas percepções únicas. É justamente isso que faz a diferença para criação de novos produtos/negócios e, claro, customer experience.
Infelizmente, sabemos que são poucas empresas em nosso país que possuem uma área dedicada à DI (Diversidade & Inclusão) – mas isso não significa que não podemos procurar por líderes que estejam abertos a mudanças e possuam empatia para necessidades diferentes das suas. Muito pelo contrário, a mudança que queremos fazer pressupõe lideranças completamente diferentes do que temos hoje.
Recentemente a Korny Ferry baseado em dados da McKinsey & Company publicou um trabalho muito interessante falando justamente da necessidade do RH de contratar talentos diversos e a liderança ideal para a construção desse contexto:
“Uma liderança que adota uma abordagem colaborativa e facilitadora em oposição comando e controle. Que opera de forma transparente em vez de portas trancadas. Uma pessoa culturalmente ágil, não atenta somente a sua visão de mundo. Que é capaz de abraçar e alavancar a diversidade dos times hoje. Que pode criar um espaço seguro, independentemente do que esteja acontecendo externamente, onde as pessoas se sentem aceitas e capacitadas para dar o melhor de seus talentos. Em essência, uma liderança inclusiva”.
Destacaram também os principais traços de personalidade e competências dessa liderança:
Traços de personalidade
1. Autenticidade
requer humildade, deixando de lado o ego para estabelecer confiança em face de crenças, valores ou perspectivas opostas.
2. Resiliência Emocional
requer a habilidade de permanecer saudável diante de adversidade e dificuldade em torno das diferenças.
3. Curiosidade
requer abertura às diferenças, curiosidade e empatia.
4. Autoconfiança
requer uma postura de confiança e otimismo.
5. Flexibilidade
requer a capacidade de tolerar ambiguidade e ser adaptável às diversas necessidades.
Competências
1. Constrói confiança interpessoal
é honesto e segue adiante; estabelece rapport ao encontrar interesses em comum e, ao mesmo tempo, é capaz de valorizar perspectivas que diferem das próprias.
2. Integra perspectivas diversas
considera todos os pontos de vista e necessidades dos outros; navega habilmente em situações de conflito.
3. Aplica uma mentalidade adaptativa
tem uma visão de mundo ampla; adapta a abordagem para se adequar à situação; inova aproveitando as diferenças.
4. Otimiza o talento
motiva outras pessoas e apoia seu crescimento; une forças para o sucesso coletivo por meio das diferenças.
5. Alcança a transformação
disposto a enfrentar temas difíceis; traz pessoas de todas as origens para alcançar resultados.
Para realizar, uma contratação acertada tendo em vista a diversidade é imprescindível olhar para além das experiências técnicas e entender valores e percepções de mundo dos candidatos. Como lidam com o diferente e conseguem agregar ideias distintas em prol do negócio e das pessoas.
Para fechar, é muito importante dizer que esse mesmo estudo conclui que as características pertencentes a líderes inclusivos são também as que pertencem aos melhores talentos das empresas. Interessante, não?