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A obesidade de informações, da mesma forma que a obesidade física, é um problema de processamento mais complexo quando falamos simplesmente em uma “sobrecarga” de informações. Obviamente, o excesso de informações é de fato um problema, mas mais do que o excesso, a redução da qualidade informacional (nutrição informacional) e em um nível meso a pressão por consumi-las ou fatores organizacionais, pode se tornar mais uma variável que unindo à sobrecarga, passa a se tornar um problema, provocando uma infodieta.

Vamos por partes.

Obesidade informacional

Antes de entendermos todos estes termos, vamos entender a obesidade física. Quais são as causas? Em um nível micro, podemos pensar em muita comida? Ausência de exercícios físicos? Em um nível meso (porém menos óbvio) está a comunidade e aqueles que contribuem para que isso aconteça. E aqui neste ponto existe aspectos relacionais, sociais e emocionais (ex: se sentir aceito). E em um nível macro podemos falar sobre a publicidade e consumismo que está também, o tempo todo usando gatilhos para que a gente consuma mais e mais.


Portanto, a obesidade não é apenas “comer demais”, mas é uma falha na conversão daquilo que é consumido e usado para sustentar o corpo. É um fenômeno complexo com origens em cada nível da sociedade.

A obesidade informacional, assim como a obesidade física, é também a falha da conversão das informações que você consome e daquilo que você usa para sustentar seu cérebro ou suas práticas diárias. Na obesidade informacional, muitas vezes uma pessoa se sente preso a tantas informações, sem saber por onde começar um projeto ou até mesmo seu dia.

Ela ocorre nos três níveis da obesidade física: micro, meso e macro.

No nível micro, é onde os fatores subjetivos entram em jogo. É neste momento que nos perguntamos “eu gosto disso?”, “eu preciso disso?”, “isso é relevante para mim?”. Imprevisível, vago e – bem, subjetivo como tudo isso é – é um aspecto essencial da filtragem de informações.

Mas a perspectiva subjetiva não pode sempre ser confiável. Existem certos vieses na forma como processamos as informações. E em um nível meso, quando corremos o risco do “pensamento grupal”, passamos a procuramos padrões e tendemos a buscar informações que confirmam nossas crenças anteriores e, que muitas vezes, superestimam nossas habilidades e percepções.

Valores intersubjetivos

O valor da informação também pode ser acordado; Existem várias maneiras de expressar esse tipo de valor, seja ele através de uma lei, exemplos de comportamento, códigos de conduta, organizacionais, procedimentos… etc.


Nesta situação, as organizações (um exemplo claro de nível macro, assim como nossa política) passam também a restringir nossa capacidade de interagir livremente com a esfera da informação. Pense em como O requisito organizacional que é “avaliação” influencia o modo como procuramos, filtramos, processamos e produzimos informações?

Muitas vezes o interesse organizacional ultrapassa a barreira da crítica informacional. Vamos a um exemplo? Nós ensinamos nossas equipes a terem autonomia e liberdade para sua atuação, mas esta autonomia e liberdade só é possível AQUI DENTRO DA ORGANIZAÇÃO e com LIMITAÇÕES. Afinal, “não podemos dar tanta liberdade assim para o nosso colaborador”. Um outro exemplo é o “vestir a camisa” como uma forma de lavagem cerebral aos valores e cultura organizacional que mais alienam do que libertam.

E a pergunta que eu faço para vocês é: seu colaborador é um usuário efetivo da informação?

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Nutrição informacional – Medidas objetivas de qualidade


Em grande parte, é por causa desses vieses que as estruturas do método científico foram desenvolvidas.

Rigor, compreensão e clareza sobre os métodos, revisão por pares e a manutenção de um registro de publicações estável fazem parte disso. Sem este tipo de valor corremos o risco de um contra-conhecimento, do qual Thompson (2008) destaca várias formas.


Nossos sistemas de crenças podem ser muito estruturados e adotados por um grande número de pessoas, apesar de uma total falta de validade científica.

A nutrição informacional então é a forma qualitativa como assimilamos as informações, e também, a saída para não adquirir uma obesidade informacional.

Útil como a WWW, há razões para ter cuidado com nossa qualidade objetiva. No programa RH2020/RH2021 nós temos uma aula totalmente destinada à forma como fazemos curadoria de informações e ensinamos algumas das práticas que podem ser utilizadas (além da acadêmica) para que você faça um filtro informacional nutritivo.

NPIC foi uma ferramenta que aprendi com Rosa Alegria e você pode começar a nutrir sua informação:

INFODIETA

Quando a infodieta se instaura, sabemos que existem comportamentos que já estão extremados. Cansaço mental, fuga de redes sociais, burnout, ansiedade, síndrome do papel branco (você tem tanta informação na cabeça que não consegue transformá-la em algo.

Para as organizações e RHs:

– observar comportamentos que necessitem de cuidado e que demonstre cansaço mental.

– Cuide do tipo de informação que divulgam. Não precisamos “entupir” nossos colaboradores de informações (como os algoritmos do instagram impõem) para gerar engajamento.

– Excesso de canais de comunicação também levam a obesidade informacional. Quanto mais funcional a informação organizacional estiver, melhor.

– Eduque seus colaboradores para serem curadores de informações. Isso não só evita ruídos de comunicação como aumenta o alinhamento organizacional.


Fontes:
Information Obesity, de Andrew Whitworth (2009)

Digital Dieting: From Information Obesity to Intellectual Fitness, de Tara Brabazon (2013)

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