Skip to main content

Estamos chegando a um novo buzzword e que tem gerado críticas por aí. Depois do mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo, agora nos deparamos com o mundo BANI (frágil, ansioso, não-linear e incompreensível), criado recentemente por Jamais Cascio, do Institute for the Future. E antes de explicar a diferença ou de você colocar suas lentes críticas, coloque primeiro as lentes de um futurologista. Como eu sempre digo, vamos por partes.

Muito das construções do passado foram criadas inicialmente no imaginário, mostrando toda a nossa capacidade de criação… foi assim com o ar condicionado, com os aviões, com cidades planejadas nas alturas… enfim. Quando o conceito VUCA surgiu, no final dos anos 80, começou a ser utilizado para ilustrar um mundo que estava emergindo em um cenário pós-Guerra Fria. Contudo, independente do caos que estamos vivendo, ou o quão modismo seja/foi este conceito, ele auxiliou para que líderes, gestores e comunidades organizacionais pudessem recorrer a soluções considerando um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo.

Bem, há quem diga que este conceito se tornou obsoleto e eu nem vou entrar no mérito de que metade da população sabe pouco deste conceito. Também não vou entrar na discussão de que o conceito explica, mas será que sabemos lidar com um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo? Acho que estamos no caminho… mas ainda estamos percorrendo este caminho.

De acordo com o próprio Jamais Casco:

Os tipos de ferramentas que criamos para gerenciar esse nível de mudança – pensamento e cenários futuros, simulações e modelos, sensores e transparência – são mecanismos que nos permitem pensar e trabalhar dentro de um ambiente VUCA. Essas ferramentas não nos dizem o que vai acontecer, mas nos permitem entender os parâmetros do que pode acontecer em um mundo volátil (incerto, etc.). São metodologias construídas sobre a necessidade de criar uma estrutura para o indefinido.

Jamais afirma que o conceito VUCA tem respondido pouco a tudo que tem acontecido. E como resposta a nova necessidade de direcionamento, Jamais traz este novo conceito: o mundo BANI.

“B” é para Brittle, ou seja, frágil.

Fragilidade não é uma novidade, ela existe desde que nos entendemos como mundo, mas o que Jamais reflete é a necessidade do momento de resiliência, para atuar de forma saudável a um momento frágil (estes que estão mais recorrentes). Mais do que isso, Jamais reflete sobre a capacidade de impacto, que pode ser muito maior, de algo frágil hoje em dia.

Se a fragilidade vem da ausência de um colchão para falhas, então qualquer sistema que dependa da produção máxima corre o risco de colapso se essa produção cair. Como nossos sistemas principais estão frequentemente interconectados, é inteiramente possível que a falha de um componente importante possa levar a uma cascata de falhas. Em um conjunto de sistemas fortemente entrelaçados, é perigoso que qualquer peça única falhe.


“A” de ansioso ou ansiedade

A ansiedade dificuldade em uma boa tomada de decisão. Por um lado pode levar a uma estagnação ou bloqueio total frente a um problema ou sair desesperado fazendo coisas sem sentido ou sem foco. Jamais reflete sobre a saúde da população frente a ansiedade.

Precisamos parar de achar ou romantizar que ansiedade é um sintoma do mundo “novo” e começar a criar soluções para ela. Por isso, o que eu tenho percebido são ações das pessoas para reduzir a ansiedade: sair de redes sociais, profissionais com cargos altos desistindo de tudo para viver longe da cidade.

Eu estou ansiosa, você também está. Seu líder está ansioso, seu colaborador também está. Precisamos lidar com isso, não aceitar.

“N” de não linear.

Em um mundo não linear, causa e efeito são aparentemente desconectados ou desproporcionais. Um dos exemplos é justamente a pandemia. Você a viveu (digo, estamos vivendo). Já sabe quantas vezes as diretrizes foram mudadas? Vai ter vacina ou não vai ter? Vai ter segunda onda ou não?

“O conceito de ‘achatar a curva’ é inerentemente uma guerra contra a não linearidade. E bem, ainda tudo muito incerto.”

“I” de incompreensível.

Tentamos encontrar respostas, mas as respostas não fazem sentido. E talvez não façam mesmo.


Mais dados – até mesmo big data – podem ser contraproducentes, sobrecarregando nossa capacidade de entender o mundo, tornando difícil distinguir ruído de sinal. A incompreensibilidade é, com efeito, o estado final da “sobrecarga de informações”.


De acordo com Jamais, à medida que o software de IA se torna mais integrado em nossas vidas diárias, temos que prestar muita atenção às maneiras pelas quais algoritmos complexos podem levar a resultados racistas, sexistas e outros tendenciosos.

BANI reflete muito mais o ser humano e a forma como se sente diante de um mundo caótico. Não que seja uma novidade o que ele traz, mas ele traduz talvez o que muitos estejam sentindo. Pode ser um momento atual da sociedade, mas que independente disso, necessita de líderes e profissionais de RH que auxiliem colaboradores para o desenvolvimento de habilidades necessárias para este momento.

A estrutura BANI oferece uma lente e sugere oportunidades de respostas. Portanto RH, se liga:

fragilidade poderia ser encontrado por resiliência e folga;

ansiedade pode ser facilitado por empatia e atenção plena;

Não-linearidade precisaria contexto e flexibilidade;

incompreensibilidade pede por transparência e intuição.

Essas podem muito bem ser mais reações do que soluções, mas sugerem a possibilidade de que respostas possam ser encontradas. E aí, o que achou disso tudo? Diz pra gente.

Para ler na integra o artigo de Jamais Cascio: https://medium.com/@cascio/facing-the-age-of-chaos-b00687b1f51d

Leave a Reply

Close Menu

Podemos te ajudar?

Conta pra gente o seu desafio! Talvez nós podemos te ajudar!

Fale com a gente:
contato@rhlab.co